A arquitetura sempre foi uma ferramenta para o poder: instituições polÃÂticas, sÃmbolos econômicos e monumentos religiosos. Relações de assimetria e dominação ainda permanecem nos modos de produção da profissão; seja no canteiro ou no desenho.Como seria usar a arquitetura como um instrumento de descentralização de poder e da luta por direito à cidade através de iniciativas comunitárias? O modelo de gestão da cidade e dos espaços e equipamentos públicos não permite a gestão compartilhada e participativa por parte da população – o que significa, portanto, pensar em uma prática de arquitetura que fomenta a autonomia?
Desde os anos 80 na América Latina, com as cooperativas habitacionais Uruguaias e as assessorias técnicas a movimentos sociais nas periferias de São Paulo, diferentes alternativas baseadas em práticas inovadoras e na construção coletiva foram desenvolvidas e prototipadas, apontando para uma experiência da democracia em ação e para processos de emancipação social. Contra narrativas e vislumbres de outras possibilidades emergem, questionando nossa relação com identidade, tempo, trabalho, desejo, reprodução social, o outro, a comunidade e o território.
A urgência deste seminário também está inserida em um contexto de recorrentes práticas contra direitos civis e a democracia em São Paulo, no Brasil e no mundo: a cada dia existem mais movimentos de poder contrários às iniciativas comunitárias. Como os(as) arquitetos(as) e urbanistas podem se aproximar destes movimentos de cidadania ativa? Como fomentar a criação de espaços de diálogo e construção coletiva do poder público com poderes locais? Como este movimento local e global pode ser legitimado, e os espaços comuns protegidos?
OUTROS participa da relatoria final do seminário, 31 de março das 14:30 as 16:30 no Teatro de Contêiner Mungunzá, Rua dos Gusmões 43, Santa Ifigênia.