LUGARES DE MEMÓRIA E CONSCIÊNCIA: TEORIA E INTERVENÇÃO
FAU-USP – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
AUH-5863
2º semestre de 2018
Período:
13/08 a 17/08
27/08 a 31/08
horario: das 14 às 20 horas
PROGRAMA/ÁREA: História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo
NÚMERO DE CRÉDITOS: 9
DURAÇÃO EM SEMANAS: 2 semanas
Docentes Responsáveis: Giselle Beiguelman, Renato Cymbalista, Ana Lucia Duarte Lanna
Convidados: Deborah Neves, Luis Felipe Abbud, Carla Castellano, Clara Borges, Ferdinando Martins, Paula Janovitch, Pedro Berezin, Yasmin Darviche, José Lira
Introdução e Objetivos
A disciplina será ministrada de forma concentrada tendo como objeto o conjunto da Maria Antonia, centro estudantil e palco de um dos mais importantes conflitos em São Paulo no período da Ditadura.
Alguns territórios destacam-se por expressar de forma emblemática a memória de grupos sociais específicos, outros consagram-se como lugares estratégicos para a construção de identidades nacionais ou regionais, outros perpetuam-se na memória coletiva como palco de experiências individuais ou coletivas de sofrimento, outros ainda revestem-se de significados específicos para a narrativa histórica de grupos sociais.
Tais espaços – lugares de memória e consciência – constituem um desafio específico para as cidades e sociedades onde se inserem, desafio que merece tratamentos arquitetônicos e urbanísticos também específicos.
O Objetivo da disciplina é realizar um balanço crítico e historiográfico a respeito dos lugares de memória e consciência no espaço urbano, assim como estudar um conjunto de soluções projetuais e urbanísticas dirigidos a lugares desse tipo. A disciplina objetiva delimitar os lugares de memória e consciência como uma categoria espacial, em que pese a diversidade de significados a ela intrínseca. A partir disso, objetiva uma sistematização de experiências no campo da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo que enfrentam os atributos desses lugares e constroem soluções espaciais para os desafios por eles colocados.
No segundo semestre de 2018, a disciplina será ministrada de forma concentrada, e se organizará em duas vertentes de trabalho:
- Conceitos e experiências.
Conjunto de discussões de caráter teórico e conceitual sobre a temática dos sítios de memória e consciência, dos desafios e potencialidades que trazem para a sociedade contemporânea, assim como a discussão em torno de um conjunto de experiências de intervenção em espaços desse tipo, no Brasil e em outros países, com foco específico para aqueles que permitem a problematização da temática da moradia e a violação aos direitos de moradia. Entre outros, serão discutidas as experiências de intervenções nos seguintes sítios: ESMA (Buenos Aires); Memorial da Resistência (São Paulo), Tenement Museum (Nova Iorque); District Six Museum (Capetown, África do Sul), Hull House (Chicago).
- Estudo de Caso – A Rua Maria Antonia
A disciplina versará especificamente sobre a Rua Maria Antonia, e as questões despertadas pelo edifício da FFLCH USP, sua história institucional e ação contemporânea, assim como a inserção do edifício no bairro da Vila Buarque, que possui características peculiares como bairro de usos mistos, fortemente estruturado pela vida institucional e estudantil.
Durante o curso os alunos produzirão leituras e hipóteses de intervenção no conjunto da Maria Antonia com o objetivo de aprofundar as possibilidades de exploração e mobilização do lugar como sítio de memória.
CALENDÁRIO
LUGARES DE MEMÓRIA E CONSCIÊNCIA: TEORIA E INTERVENÇÃO
| 13/08 | Maria Antonia: um percurso pelo edifício.
O conjunto na Maria Antonia. A Dualidade FFLCH/Mackenzie
Discussão de textos
Maurice Halbwachs, A memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006 [1921], caps. 1 e 4. Pierre Nora: Entre a memória e a história: a problemática dos lugares. São Paulo: Projeto História PUC-SP, n.10, dez. 1993
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| 14/08 | Maria Antonia: um percurso pela rua e pelo bairro
Professora convidada: Paula Janovitch Debate: Paula Janovitch, Pedro Berezin e Paula Janovitch
Discussão de textos
Samuel Moyn, The Last Utopia: human rights in history. Harvard University Press, 2010, cap. 4.
Michael Rothberg, theorizing multidirectional memory in a transnational age. In Multidirectional memory. Stanford: University press, 2009. |
| 15/08 | Lugares de memórias difíceis e preservação do patrimônio
Sítios de memória, a international coalition of sites of conscience
Discussão de textos
Ruth Abram, History is as History does. In: François Hartog, “Ordens do tempo, regimes de historicidade”, In: Regimes de Historicidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2014 [2003], pp. 9-37
Tzvetan Todorov, Los abusos de la memoria. Barcelona: Paidos, 2000.
Rem Koolhas, preservation is overtaking us. GSAPP Transcripts, 2009.
Andreas Huyssen, “A cultura da memória em um impasse: memoriais em Berlim e Nova York”. In: Culturas do passado presente. Rio de janeiro: Contraponto, 2014, p. 138-154.
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| 16/08 | A Maria Antonia e o tombamento dos sítios de memória da ditadura
Discussão de textos:
Aleida Assmann, “Memória funcional e memória cumulativa: dois modos de recordação”, In: Espaços da Recordação, Campinas: Ed. Unicamp, 2011[1992], pp. 143-156.
Henri Pierre Jeudy. “Reparar: uma nova ideologia cultural e política?”. In: Corpos e cenários urbanos : territórios urbanos e políticas culturais. Henri Pierre Jeudy e Paola Berenstein Jacques (orgs.). Salvador: EDUFBA, 2006, p. 13-24
Gabi Dolff-Bonekämper, “Caminhando pelo passado dos outros”. In: Cymbalista, R. Feldman, S e Kühl, Beatriz M, Patrimônio Cultural, memória e intervenção urbana. São Paulo: Anna Blume/FAPESP, 2017, pp 61-88.
Tali Hatuka, “A obsessão pela memória: o que ela faz com os outros e com as nossas cidades”. In: Cymbalista, R. Feldman, S e Kühl, Beatriz M, Patrimônio Cultural, memória e intervenção urbana. São Paulo: Anna Blume/FAPESP, 2017, pp.47-60.
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| 17/08 | Debate em grupos: hipóteses de leitura e intervenção
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27/08 |
Debate em grupos: encaminhamento das hipóteses de leitura e intervenção
Professores convidados: Deborah Neves: preservação dos sítios de memória da Ditadura em São Paulo Ferdinando Martins: o TUSP
Texto de referência:
Deborah Neves, A persistência do Passado: patrimônio e memoriais da ditadura em São Paulo e Buenos Aires. Capítulos 2 e 3
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| 28/08
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A comissão da verdade da USP
Textos de referência:
Relatórios da Comissão da Verdade da USP
Jorge Otero-Pailos, “Experimental Preservation,” Places Journal, September 2016. https://doi.org/10.22269/160913.
Giselle Beiguelman. “Das memórias conservadoras às memórias desobedientes”. In: Da cidade interativa às memórias corrompidas. Tese de Livre-docência, FAUUSP, 2016, p. 130-153.
Trabalho em grupos: encaminhamento das hipóteses de leitura e intervenção
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| 29/08
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Políticas Públicas: memorial da resistência e a coordenação do direito à memória e à verdade da USP
Professores convidados: Clara Castellano, Marilia Bonas, Carla Borges Trabalho em grupos: encaminhamento das hipóteses de leitura e intervenção
Texto de Referência:
Memórias resistentes, memórias residentes. Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, 2016. |
| 30/08 | Ocupando o edifício da Maria Antonia
Professor convidado: José Lira
Trabalho em grupos: encminhamento das hipóteses de leitura e intervenção |
| 31/08 | Consolidação e Apresentação dos resultados do curso e debate com docentes e profissionais envolvidos na Maria Antonia |
| 14/10 | Entrega dos trabalhos finais |
