Breve histórico sobre o Madame Satã
A casa noturna Madame Satã, no bairro da Bela Vista, foi fundada em 1983 em um casarão que data de 1936 (imóvel tombado). Veio a fechar em 2009 e abriu novamente em 2012, sob nova direção, com o nome apenas Madame, após um extenso trabalho de reforma do telhado e fiação. Passando por outros nomes durante sua trajetória, como The The ou Morcegóvia, teve seu auge na década de 1980 e sempre foi considerado um espaço marcante da vida noturna paulistana.
Aberto inicialmente como um restaurante e bar, além de espaço de cultura e artes, quase foi à falência antes de se tornar uma casa noturna. Foi palco de diversas bandas em início de carreira que futuramente fariam sucesso como Titãs e IRA!. O Madame Satã também sediou apresentações de performers transformistas notórios.
Relevância para a comunidade LGBT+ e sua memorialização
Devido às suas quase três décadas de funcionamento, foi frequentado por diferentes públicos das subculturas marginalizadas da cidade. Dessa forma, considera-se que o local possui histórias diversas se encontrando, entre elas, a LGBT. A começar pelo seu nome, uma homenagem à drag queen carioca que viveu no início do século XX. A partir disso, pretende-se uma busca através dos rastros desta memória.
Além de disponibilizar seu palco para performances transformistas dos anos 80, relatos afirmam que a casa garantia espaço de apresentação para artistas underground que contestavam os papéis de gênero da época.
“(…) artistas, carecas, escritores, estudantes, góticos (mais conhecidos no Brasil desta época como darks), homossexuais assumidos, intelectuais, jornalistas, poetas, punks, socialites, transformistas, entre outros, faziam a clientela da casa” ( http://madameclub.com.br/ )
O ambiente físico do casarão é atualmente tombado, da mesma forma que outros edifícios antigos nas redondezas. Esse processo ocorreu de uma vez em uma tentativa do poder público de preservar as características da região. Esta encontra-se entre uma área importante para a história dos imigrantes italianos em São Paulo, o Bixiga, e o eixo da Avenida Paulista que constantemente afeta seu entorno com avanços do mercado imobiliário.
[Texto de Gabriel Iguchi e Mariana Villar]
Faça o download da sinalização para esse lugar de memória aqui!
Referências:
MORAES, Marcelo Leite. Madame Satã – O templo do underground dos anos 80; editora Lira, 2006