O eletromagnetismo é considerado uma das quatro forças básicas da física. Há mais de 100 anos, as ondas têm sido usadas para transferências de sinal, rádio, TV, sistemas de alarme, radar, sensores e outras possibilidades. Mas são poucos os centros de pesquisa no mundo que colocam a arte como um dos focos na perspectiva de exploração das ondas eletromagnéticas.
O RIXC, em Riga, Letônia é uma pequena organização que se estabeleceu nos circuitos da net-cultura e da arte e mídia internacional com atuação em torno de projetos explorando o espectro eletromagnético (o rádio por exemplo) como meio artístico. Eventos como o festival Waves acontecem no centro desde 2006. Os motivos desse interesse são vários. A “descoberta” no país do radiotelescópio Irbene, instalado pela União Soviética nos anos 1970, e que foi deixado para trás quando a Letônia se tornou independente em 1993 é um desses atratores. Pesquisadores, astrônomos e artistas se uniram desde então em uma comunidade que utiliza os recursos de radioastronomia para os mais diversos propósitos. O mesmo aconteceu em Skrunda, uma cidade praticamente abandonada entre Riga e Liepaja, onde existiu por muitos anos um potente radar de alerta contra mísseis balísticos, o Skrunda 1, e que produzia efeitos colaterais no entorno tão interessantes como preocupantes.
São casos curiosos de uma confluência entre arte e ciência que raramente vemos acontecer de forma muito profícua no Brasil, e que surgiram na Letônia justamente a partir do interesse por campos eletromagnéticos.
Lucas Bambozzi viajou à Letonia como parte de sua pesquisa de doutorado na FAU.