Grafite, arte pública e o direito à cidade

Erik Calonius. Metrô de Nova York no fim dos anos 1970

Em 1998 escrevi o texto crítico do catálogo da exposição American Graffiti, realizada na Casa Andrade Muricy, em Curitiba.

O texto, intitulado “Guerrilha Visual”, apresenta o graffiti nova-iorquino dos anos 1980 como uma arte de ocupação. Situa suas origens no contexto do Hip Hop e discute sua potência de corrosão da função pedagógica da arte pública, como instrumento de conformação comportamental às regras políticas e sociais do espaço urbano. Mapeia sua absorção pelo mercado de arte e a atualização de suas linguagens e de suas potências para evidenciar, a um só tempo, a fragilidade e a força dos limites territoriais; a vulnerabilidade e o intransponível das regras da indústria cultural. Ao final, pontua que é o ato de problematizar, esteticamente, tensões sociais e relações de exclusão no espaço urbano,  o que conferiu ao graffiti nova-iorquino do anos 1980 um outro lugar na história da arte. Um lugar de disputa e negociação de uma outra historicidade com outras formas de experimentação da arte e do espaço público.

Inevitável pensar na atualidade dessa discussão, quase 20 anos depois, no contexto da política da “Cidade Linda” e sua “cruzada” contra o pixo e o grafite. O que está em jogo, sem dúvida, é a partilha do sensível, a disputa pela visibilidade como disputa pelo direito de ocupar e apropriar-se da cidade.

O texto está aqui.