Brejo das Flores

Breve histórico sobre o Brejo da Flores

O Brejo das Flores (“Casa 1” de Santana) se define como uma casa de lésbicas, feministas, autônomas, que busca construir espaços de troca, coletividade e sororidade. A casa fica localizada na Rua Paulo Gonçalves, 253 – Santana. Ela existe desde janeiro de 2015 quando três amigas resolveram morar juntas e fazerem eventos para ajudar no aluguel. Ao final do mesmo ano, algumas pessoas mudaram e os eventos passaram a ser mais frequentes e necessariamente feministas. Ao longo de 2016 outras coisas mudaram e a casa passou a ser ocupada exclusivamente por lésbicas feministas, quando decidiram alterar o nome original, de Casa das Flores, para o nome atual, Brejo das Flores, fazendo alusão à presença sapatão.

Relevância do Brejo das Flores para a comunidade LGBT+ e sua memorialização

O Brejo das Flores começa a figurar como um local de relevância para a comunidade LGBT+ quando passa a organizar encontros que, inicialmente com o foco para o público feminino, se volta para lésbicas com a mudança das integrantes da casa. Os eventos incluem saraus, grupos de estudos, festas de diferentes gêneros, exibição de filmes, debates, oficinas entre outras atividades voltadas à comunidade como é o caso da Virada Sapatão, um evento criado para dar visibilidade e fortalecer a comunidade lésbica durante um final de semana do mês da visibilidade lésbica, com rodas de conversa, exposição de arte, oficinas e shows. A existência desses eventos tem um importante papel no autoconhecimento, informação e fortalecimento de integrantes da comunidade lésbica além de ser uma opção de local de cultura, lazer e convívio para elas em uma cidade na qual o grupo é marginalizado e ainda carece de opções de lugares nos quais é aceito com o respeito que merece e sem discriminações. Na casa elas passam a ser protagonistas quando o material absorvido é feito de lésbicas e para lésbicas. Mais do que fornecer um espaço quem não se enquadra no padrão da sociedade, o Brejo das Flores se mostra relevante para a comunidade lésbica ao disponibilizar um espaço de exclusividade para esse grupo marginalizado, onde ele passa a ter protagonismo e um local seguro de discussão para pessoas que sofrem com preconceito todos os dias. A popularização e comercialização da cultura LGBT+ pode fortalecer o movimento e dar a ele mais voz, mas, ao mesmo tempo, também pode levar à ocupação de lugares antes destinados ao público LGBT+ por integrantes de grupos normativos privilegiados o que torna esses integrantes da comunidade LGBT+ vulneráveis aos preconceitos da sociedade em um dos poucos espaços que era seu dentro de uma sociedade não inclusiva. Isso não significa que a integração e os espaços de troca não devam existir ou não tenham a sua importância, mas é importante a existência e manutenção de espaços exclusivos como o Brejo das Flores para que lésbicas tenham um espaço seguro para discussão, empoderamento, fortalecimento político e até a simples convivência como uma opção na cidade na cidade na qual qualquer espaço lhes é negado. O Brejo não existe há muitos anos, é relativamente recente, e não sofreu nenhum processo oficial de memorialização, mas a produção, a exibição e o estudo de conteúdo de autoria da comunidade lésbica produzidos no espaço é uma forma de memorizalização dessa cultura que se acha invisibilizada na sociedade. Fotografias e vídeos dos eventos e as intervenções feitas no seu espaço físico, como as pinturas realizadas nas paredes da casa, são registros do espaço e de suas atividades neles produzidas.

[Texto de Barbara Elias]

Faça o download da sinalização para esse lugar de memória aqui!

Referências:

https: //www.facebook.com/brejodasfro/?ref=br_rshttps://brejodasflores.noblogs.org/

http: //www.obeijo.com.br/eventos/mes-da-visibilidade-lesbica-ganha-virada-sapatao-12774257

http: //nogods-nomasters.com/fest/2018/02/11/espacos-exclusivos-no-meio-libertario-com-brejo-das-flores/