Piores índices nem sempre na periferia.
Leituras do Mapa da Desigualdade 2017.
Artigo de Renato Cymbalista no site Esquina do Estadão, sobre o Mapa da Desigualdade de São Paulo de 2017, construído pela Rede Nossa São Paulo.
No final de outubro foi divulgado pela Rede Nossa São Paulo o Mapa da Desigualdade de 2017. Trata-se de um processamento de dados sobre as condições sociais e econômicas das diversas regiões da cidade. A originalidade do método é a produção do chamado “Desigualtômetro”, um indicador que mostra a distância entre os distritos mais bem posicionados e aqueles em situação mais precária. O retrato do Mapa é o já esperado: São Paulo é uma cidade brutalmente desigual. E é esta a veiculação do Mapa na mídia: “Diferença de salários e expectativa de vida são grandes na capital” (Rede Globo); “Morador dos Jardins vive 24 anos a mais do que o do Jardim Paulista” (Estadão), Jovem tem 17 vezes mais chances de morrer no Brás que na Vila Matilde(Folha). As entrevistas dadas pelos responsáveis pela produção do Mapa reiteram esse cenário.
Mas o Mapa da Desigualdade permite também outras e inesperadas leituras, que mostram que nem sempre a periferia tem os piores índices. Olhar para os pedaços do mapa que desafiam a dualidade – centro rico e privilegiado X periferia pobre e desqualificada – pode nos levar mais longe do que a simples denúncia: o que faz o sistema de saúde funcionar bem em um bairro específico, e mal em outro, na mesma faixa de renda? O que faz as mulheres negras serem menos vulneráveis em alguns pontos da cidade, não necessariamente nos bairros mais ricos? O que fez os homicídios piorarem em alguns bairros centrais? Por que as mulheres ganham mais do que os homens em alguns pedacinhos da cidade? Leia aqui o artigo na íntegra.