Novas perspectivas para o patrimônio digital: o museu das perdas para nuvens de esquecimento

Esta apresentação discute a conservação de obras de net art, propondo pensá-las no contexto de um novo museu: um museu das perdas. Para tanto, analisa obras criadas nos anos 1990, que se tornaram desafiadoras para os museus e centros de pesquisa, especialmente no ambiente das nuvens computacionais, aqui tratadas como nuvens de esquecimento.

Aborda o patrimônio digital no âmbito das transformações da Web 2.0,  que implicaram novos regimes de padronização e segurança incompatíveis com os programas livre usados pelos primeiros sites artísticos. Nessa perspectiva, para além da obsolescência tecnológica, a conservação das obras de net art passa a lidar, também, com a obsolescência ideológica.

A apresentação destaca o caso de O livro depois do livro (1999), e sua incorporação ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). As dificuldades de acesso ao site, devido aos novos padrões de segurança da Internet, transformaram-se em uma discussão sobre procedimentos de conservação e inserção de obras desse tipo em um acervo museológico. Em detrimento de procedimentos de recuperação do sistema, optou-se pela sua atualização integral que resultaram em um novo original ou “original de segunda geração”, a ser disponibilizado ao público nas comemorações de seus 20 anos. Como documentação de pesquisa, o site passará a incluir também, um arquivo compactado com todas as pastas da sua primeira versão.

Nessa perspectiva, abre-se mão da conservação propriamente dita para considerar o “original de segunda geração” como o principal objeto das coleções; a ausência, o obsoleto, o que é impossível de recuperar como alvo da pesquisa. Em uma frase, optou-se por um museu da net art como museu das perdas com foco nas nuvens de produção do seu esquecimento.

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